domingo, 28 de fevereiro de 2010

Afinal quem é o Maior Fotógrafo de Portugal?

O maior fotógrafo de Portugal não sou eu. O maior fotógrafo de Portugal é o equivalente ao Soldado Desconhecido. Pode ser o 'toupeira' que anda a divulgar as escutas e que já encalhandrou o PGR. Pode ser o António Barreto que encontrou forma de nos dar a conhecer um fiel retrato de nós-Povo através do trabalhar sobre as estatíticas comparadas. Pode ser a t-shirt com que o Mário Crespo dorme, numa atitude panfletária executada ao mais alto nível, no Coração da Democracia. Num MANIFESTO contra a CENSURA.
É disto que se trata. O maior fotógrafo de Portugal é cada um de nós que se insurge contra as novas censuras. Há censuras na Fotografia, fala-se por exemplo na "ditadura do digital", e no possível fim do suporte de negativo (filme). É uma forma de medo a fazer carreira. O maior fotógrafo de Portugal, insurge-se contra as aparÊncias e habitua-se a desconfiar das artificialidades que nos vendem felicidade e composição sob a forma de fotografia. O maior fotógrafo de Portugal investiga a verdade do Photoshop (e afins), as make-up prints, as montagens, os atentados à verdade, as infiltrações do 'inimigo' na genuinidade da Arte. Desta Arte - a Fotografia.
O maior fotógrafo de Portugal, é um ser que luta. Não é um 'animal feroz' porque não faz caçadas no Quénia a convite de 'bokassas' investidos presidencialmente. Como 'animal feroz' elege os que ameaçam o seu território e não os fracos, presas fáceis porque fragilizadas, isoladas do grupo e indefesas. O maior fotógrafo de Portugal é alguém que luta. Pelo esclarecimento da Arte, se Jpeg se Raw, pela verdade, se com tratamento se sem (de imagem), Pela decência, como no caso da campanha que usou figuras numa obscena promoção de Portugal à conta de um fotógrafo não-Português. Enfim, há muito para lutar.
Por mim, apenas fiz o que propuz. É verdade que não fui um mr. jackyi & dr. Hyde, não tive que me dividir em dois criando um Caiado para limpar a merda do outro. Nisso, ganhei vantagem. NIsso, Alegre dá pena. Ele foi vítima de uma caçadeira muito mais romba e ferrugenta que a sua voz, de canos muto mais curtos e que dispersam muito mais que a sua com a qual assinou traições inconfessáveis sob a capa de convívio e pandeguice. Nisso, estou melhor e por isso permito-me ter pena deste poeta-que-mata.
A minha luta foi contra o sistema. Um sistema assente em lojas, a que chama galerias. Em favorecimentos e artificialidades tentaculares que perpassam organismos públicos e empresas do Estado, a que chamam Mercado. A minha luta.
Dediquei a minha vida - posso dizê-lo à Fotografia. Não à boa fotografia, à fotografia bonita, à fotografia do parece bem. Não ao 'fotografica e políticamente correcto'. Dediquei a vida à Fotografia enquanto Arte que vale por si, independentemente de Comissários políticos e amiguismos de circunstância ou acordos comerciais corompidos pelo dinheiro. Não fiz da MINHA fotografia uma LOJA DE CONVENIÊNCIA.
Ao romper com o mainstream, assinei a declaração de marginalidade. Era fora do aparelho que se usa da fotografia para fins que com esta nada tÊm que ver. Ainda assim, sobrevivi. Até hoje.

SE ESCREVO ESTE POST é porque não sei o que me vai acontecer amanhã. Por isso deixo esta mensagem, que espero seja lida e comentada em liberdade, mas que defenda sobretudo a fotografia. Uma missão.
Em 1991, adquiri uma Nikon 601 AF. Depois passei para a Canon A1 (várias) até chegar à F1N. É o que uso. EM 1992 começei a expor. Nunca tive o tal Portfólio e contra isso me insurgi, identificando-o logo como o "primeiro instrumento censório" do regime. Tal como as galerias. Nunca fui apresentar-me a uma. NEm a nenhum organismo público ou participado. Tal como desde cedo me insurgi contra os Cursos de Fotografia. Fi-lo da forma mais conveniente, aproveitando uma exposição de tributo aos designers gráficos que me foram desenhando os folhetos e cartazes ao longos dos anos de travessia do deserto, de megafone em punho na varanda do primeiro andar do Centro de Cultura Libertátia, Cacilhas. Ali gritava, "abaixo os cursos de fotografia".
Era simples. Os cursos não formam fotógrafos no sentido de combatentes, mas gente que através da fotografia será um assaliariado. Alguém, portanto que, pela via financeira, será submisso ao sistema, cumprindo ordens, anulando a sua visão própria e alimentando a voracidade do regime que, como se sabe, usa mais do que nunca o audiovisual para se instalar.
Reconheço fragilidades na minha luta. Reconheço alguns erros de percurso (os erros que não reconheço atribuo-os à minha ignorância). Reconheço idealismos desajustados e 'moinhos de vento' estéreis. Não revejo utopias nem fantasmas. É real, ao fim de anos de combate por uma Fotografia Livre e descomprometida, sei do que falo. Se sou o único, isso não deve retirar-me mérito ou atribuir-me foros de loucura. Só talvez de teimosia.
Se algo me acontecer, ficarão os suportes gráficos. As obras, fotografias e quadros que acumulei numa garagem onde chove dentro, deverão ser destruídos se o "conselho" que reuni para cumprir esse desígnio for fiel à minha vontade. Sou dos que acho que os tributos devem sobretudo ser feitos em vida e que obra nenhuma deve sobreviver ao seu autor, enquanto espólio à espera dos abutres.
Deixo algumas obras dispersas por pessoas comuns, que me ajudaram em situações de necessidade. Fizeram-no desinteressadamente e até algumas com prejuízo próprio, por isso era o mínimo que poderia corresponder. Nem sabem elas que têm provávelmente os únicos e últimos artefactos da minha criação fotográfica.
Só uma última coisa:

Quando digo que estou triste, é por perceber que já ninguém luta pela Fotografia. E ela é tão importante para a nossa Liberdade. Para que o Mundo seja finalmente justo. Para que os políticos tenham, afinal o Medo que temem ter. Para que as pessoas vivam a sua vida em plenitude e não pela metade, mercê dos alter-egos parasitas.
Viva a República. Viva a Monarquia. Viva Portugal. Vivam os animais. Vivam as Mulheres de Portugal que defendem os Direitos dos Animais.

Fim

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