domingo, 28 de fevereiro de 2010

continuação do Manifesto Libertário

Aqui entra o Caiado Triste.
Ao contrário do poeta-que-mata, Caiado é fotógrafo. Nunca foi caçador, nunca andou emboscado em arbustos a espreitar traiçoeiramente seres vivos que fazem a sua vida numa suposta liberdade em que acreditam, num suposto direito à vida que assumem, naturalmente, como naturalmente nasceram e foram criados, sei maternidades, parteiras, IVG's ou discussões familiares, violÊncias domésticas ou polémicas fracturantes sobre o género (o sexo Feminino/Masculino) de cada um dos pais, tal como permite o "moderno decreto".
Á semelhança do poeta-que-mata, o fotógrafo Caiado também se interessou pelos animais. Arriscou-se ao fotografá-los atropelados sem misericórdia por automobilistas cobardes (Serial Killers, antigas inst. tip. Lobão, 2000), uniu-se à sua "diáspora" - grupos activistas espanhois para defesa dos animais - fundou o Colectivo Unificado de Libertação Taurina (uma célula clandestina de combate pela libertação animal) e dedica toda a sua vida à sensibilização para uma sociedade mais justa, tolerante e sustentável, a partir do reconhecimento de que todos nascem com direito à vida e que a evolução do Homem se manifesta pelo abandono de práticas sádicas que infligem dor, sofrimento e derramam sangue inocente. De que serve abolir escravatura, pena de morte, falar em Direitos Humanos, lutar contra a excisão feminina, a tortura se a cada esquina temos um estabelecimento que nos serve partes de seres vivos abatidos e esquartejados para servir uma gula e um motivo puramente comercial?
Ao contrário do poeta-que-mata, o Caiado triste sabe uma coisa: ESTE PAÍS NÃO É PARA VELHOS.
Sabe-o, porque é fotógrafo. Os fotógrafos observam. Mesmo quando aquilo que é tão obsceno para ser fotografado não pode ser capatado, mesmo assim, observam. Os fotógrafos são as vítimas modernas da CENSURA. São o moderno Inimigo Público e cada vez mais a socieddade tenderá a aprovar leis restritivas à sua livre circulação. A par dos animais, os fotógrafos são a única 'espécie' a merecer dístico de barramento em espaços públicos. A par dos animais, os fotógrafos são a espécie com mais agressões por parte de particulares e agentes de autoridade. Ao contrário dos políticos, os fotógrafos mostram-nos o Planeta que fazemos dia-a-dia. Denunciando os políticos, os fotógrafos mostram a verdade por trás dos discursos e do apregoado "progresso". Tal como as escutas agora indiciam que algo sinistro se move nos bastidosres do "choque tecnológico". Apesar de haver nesta classe quem esteja 'à venda', na sua essência o fotógrafo é genuíno. What you see is what you get. Ninguém gosta disto. Pode haver muita gente a dizer que aconteceu isto e aquilo, que foram abatidos centenas de sobreiros, que houve poluição numa ribeira que matou milhares de peixes e aves, que foi descoberta uma vala comum com dezenas de corpos, que tal ministro anda a negociar secredos de Estado, etc. Mas tudo isto pode e será severamente desmentido. E o povo tenderá a acreditar nos políticos, o povo, naturalmente bom, acredita no bem e é isso que gosta de ouvir. Até que surgem as primeiras fotos. Dos corpos na vala comum, dos peixes mortos, aves asfixiadas, árvores pelo chão sem piedade - uma entrada furtiva num restaurante onde numa mesa está uma personagem sinistra que ninguém sabe quem é nem saberá nunca. ESTE PAÍS NÃO É PARA FOTÓGRAFOS.
AO contrário do poeta-que-mata, o Caiado triste sabe disto. Por isso está triste. Mas não iludido. Tem a sua carreira documentada e sabe que será a história dessa carreira que passará à geração herdeira. Sabe que a Fotografia é como uma zona de caça cinegética em que a traição espreita a cada arbusto, a cobardia campeia e as armas são desiguais. Mas acredita que a verticalidade do ser humano se mede exactamente pelo seu humanismo. Um humanismo que não distingue espécies entre superiores e inferiores, tal como não sabe distinguir pessoas pela cor da pele. Ou pelo grau de escolaridade. Pela posição social. Pelo género (sexo Masculino/Feminino).
O Mal é um conceito interessante. A sua prática reiterada, é criminosa. Ser mau, é CRIME. Provávelmente não punido nas leis que os homens criam, mas é CRIME. Pela lei universal, que é inata a todos nós, é CRIME. E isso tem um preço, no mather what. O interessante de se ser mau (criminoso) é que esse tipo de prática obriga a outra que se surge colada como lapa: a necessidade de cobrir. Tapar, disfarçar, maquilhar. Pois. Quem é mau, para continuar a sê-lo, tem de se dividir noutra personagem, que é que define como as consequências da maldade praticada serão atenuadas perante o público, sidfarçadas, ocultadas, enfim. O assassino pode enterrar corpos e triturá-los, mas isso tem um prazo. E começa a sofrer as consequências desde esse minuto, que são a de investir num alter-ego que será o seu coach for the felony.
Por isso, quem é mau vive menos. EM média, menos cinquenta por cento. Porque tem de dedicar os outros fifty ao alter-ego que lhe BRANQUEIA a imagem e o nome. Dá pena. Assim é Manuel, que ironicamente se apelida Alegre, sobrenome que divide com o compnheiro inseparável do Mickey. (E não falo do Pluto, deixemos os animais de fora disto, estamos a falar do Mal).
(duas de três partes)

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